Atenção – Spoiler de “The Grand Tour” a seguir. Apesar que o título já é bem explicativo. Enfim, continuaremos com nossa programação normal.
Parece que virou rotina bengar o Porsche 918 Spyder. Antes de tomar 5 segundos da Lamborghini Huracán e durante o último episódio da primeira temporada de “The Grand Tour”, Richard Hammond alinhou o hypercar de Stuttgart com um Bugatti Veyron, para ver se o mastodonte da geração passada ainda era páreo para a última palavra em velocidade atualmente.
Conforme mostrado no episódio, o Bugatti perdeu por uma fração considerável de tempo mas andou muito bem, obrigado. Tudo seguia normalmente, até que um residente local, a bordo de um Nissan Patrol, resolveu chamar o Sr. Hammond para uma arrancada. E o resultado está a seguir:
Só de olhar o carro já dava pra perceber que a corrida seria injusta (para o 918): os pneus são slicks, as bitolas estão bem mais largas e a altura em relação ao solo é bem menor que no carro original. Por mais que a aerodinâmica de um SUV se assemelhe com a de um tijolo, o ronco do Nissan não deixa dúvidas de que é caixão e vela para o Porsche híbrido.
E a corrida acaba assim. O Patrol vence, a edição volta para o estúdio e pronto, acabou. Nunca saberíamos o que tem de baixo do capô do jipe da Nissan. Não até semana passada.
O canal 1320video foi até Dubai para conhecer o projeto que, se não é ambicioso, é no mínimo bastante curioso. O carro possui TODO o powertrain do Nissan GT-R R35, o famoso Godzilla. Só que apenas isso não seria o suficiente para bater o 918 Spyder, se o GT-R que possui um coeficiente de arrasto bem melhor não consegue, que dirá um tijolo com um V6 biturbo.

Relembrando as especificações do Nissan R35, estamos falando de um V6 que usa duas turbinas, desloca 3,8 litros e produz 572 cv a 6.800 rpm e 64,9 kgfm a 3.300 rpm. O esportivo ficou muito famoso por causa do seu 0 a 100 km/h cumprido em apenas 2,8 segundos, mesmo pesando mais de 1.700 kg, mérito este do coeficiente aerodinâmico de apenas 0,26, do câmbio com 6 marchas e dupla embreagem (banhadas a óleo) e da tração integral, chamada de ATTESA E-TS Pro.

A tração ATTESA (traduzindo para o português “Sistema avançado de engenharia de tração total para todo terreno”) tem uma longa história, surgindo em 1987 com o Nissan Bluebird. Em sua mais recente versão, que equipa o super carro japonês, a tração usa sensores eletrônicos e embreagens acionadas hidraulicamente para determinar com mais precisão a quantidade de tração necessária em cada eixo do veículo, tanto que a eletrônica do carro pode dividir a tração de 2% da força nas rodas da frente e 98% nas rodas de trás até a divisão de 50/50. E toda esta tecnologia foi transplantada no Nissan Patrol do vídeo.

Como já dissemos, este Patrol tem toda a parte mecânica e elétrica do Nissan GT-R mas com algumas diferenças que o tornam uma máquina de devorar asfalto. O motor recebeu um kit stroker feito pela T1 Race Development, ampliando a cilindrada para 4100 cm³. E tudo foi transplantado para o SUV, desde os eixos e transmissão até o subchassis traseiro. Os pneus são de arrancada da Hoosier, as rodas da Rayseng são forjadas e feitas no Japão e os freios são de carbono (vindos também do GT-R). O preparador até brinca que recebeu um GT-R e devolveu um casco.

O jipinho, que em sua quinta geração recebeu diversos motores a diesel e a gasolina e que gera 248 cv e 43 kgfm em sua configuração mais forte (vindo de um seis-em-linha a gasolina), produz cerca de 1925 cv (com toda esta potência você não se importa se ela é nas rodas ou no motor, você só aceita)! Os dutos de admissão de ar estão invertidos (para captar mais ar), o intercooler é maior e as turbinas também são maiores. Com essa usina de força o carro já atingiu cerca de 330 km/h num percurso de 800 metros!
E o mais impressionante de tudo é o esmero com o acabamento do carro. Várias peças de acabamento são em fibra de carbono, incluindo o capô que possui os scoops retirados do GT-R. O interior possui os painéis originais mas com toda a eletrônica do GT-R escondida. O painel de instrumentos do R35 fica no mesmo lugar do painel original do SUV e todos os botões do carro são funcionais. Até mesmo a central multimídia do esportivo fica no mesmo lugar do som original do Patrol! A gaiola, feita para aumentar a rigidez do chassi, não é vista com tanta facilidade (até porque o reforço só está presente na traseira do carro).
Não estragaremos a experiência do vídeo (que está em inglês mas a linguagem GearHead é universal), mas este projeto merece um comentário sobre o quão original este carro parece no interior, o apresentador até comenta sobre isso. Estamos falando de um belíssimo trabalho, sem dúvidas.